Final arrastado

 

giovana

Tenho meu estilo próprio para ver televisão, mantendo expectativas ao ligar o televisor em determinados horários, na poltrona do living. É uma forma de se preparar, como a gente faz para ir ao cinema e ao teatro. Assim, faço uma programação diária exclusiva e acompanhei A Regra do Jogo.

Com seus altos e baixos, a telenovela da Globo teve maior audiência como um bom policial, na proximidade do último capítulo, decepcionante e longo para quem acompanhou a novela. Muitos fatos eram previsíveis: Juliano (Cauã Raimond) e Tóia; Dante (Marco Pigasso) e Lara (Carolina Dieckmann) ficaram juntos.

Choro e tragédias tornaram-se banais, especialmente na Tóia de Vanessa Giácomo. Maioria dos atores interpretou o choro sem lagrimas, mas houve cenas comoventes, como aquela entre Cauã Raimond e Marco Pigasso. Este, bonitão e bom intérprete, sem ficar devendo ao experiente Cauã, faz parte da nova geração de galãs da Globo.

Um grande e excelente elenco em que Giovanna Antonelli brilhou com o humor de Atena, sua beleza salientada pelos figurinos de Marie Salles predominando o preto, pontuado de modelos em branco e vermelho, clássicos da moda. Seus vestidos de festa – mesmo no dia a dia, estavam de acordo com a personagem sexy e “louca”, como a chamava Romero Romulo (Alexandre Nero). Os trajes revelaram um corpo sem estrias, pouco seio com os decotes em V até a cintura – tendência atual.

O final de Atena, na Itália, num grande jantar de gala com o “marido”, o conde Ascanio (Tonico Pereira) para angariar donativos milhardários, foi coerente com o humor e a vigarice de Atena. Eu previa que ela sairia salva nessa história, deixando uma porta aberta para ser punida. Mas sempre achei queRomero seria morto. A cena,de acordo com seu caráter ambivalente entre o bem e o mal, foi tocante. Mas não precisava prolongar a morte com uma coreografia de balê, marcada pela diretora Amora Mautner. Quem sabe para amenizar o final do galã.

Belisa, depois de três anos alegar, na chegada de viagem, que não mais suportava o “mistério” de quem matou o avô (ela vira a mãe e a irmã Kiki saindo do escritório) poderia ter sido outra. A justificativa foi que o segredo guardado a sete chaves – Nora deu o tiro mortal no marido – já caira em domínio público, e o autor decidiu ter sido Kiki. Não fez diferença.

Quem se saiu muito bem foi José de Abreu como Gibson Stuart. Ele até declarou que jamais esperava aos 69 anos ter a chance deste grande papel.

Célia Ribeiro - foto Jonas Adriano

Sinônimo de elegância e cultura, Celia Ribeiro surpreendeu e emocionou seus leitores ao anunciar a aposentadoria aos 86 anos, 60 deles dedicados ao jornalismo. Depois de cursar Filosofia e integrar o Clube de Teatro da UFRGS, ela começou sua carreira assinando críticas de teatro para o jornal A Hora, onde conheceu o marido, o também jornalista Lauro Schirmer, falecido em 2009. Versátil, passou pelas rádios Guaíba e Gaúcha, pelas revistas do Globo e Cláudia, e foi uma das pioneiras da televisão no Estado, com atuação nas TVs Piratini e Gaúcha.

Em Zero Hora, onde começou a trabalhar nos anos 1970, exerceu as funções de repórter, editora, blogueira — e colunista da revista Donna. Compartilhou o conhecimento sobre boas maneiras em uma série de livros, como Etiqueta na Prática e Etiqueta de Bolso, e também dedicou-se a retratar figuras históricas, como na biografia Fernando Gomes. Para além do jornalismo, é lembrada por gerações de debutantes que assistiram a suas aulas de etiqueta.