Pintora gaúcha estreia com exposições na França

Quadros de Ana Mesquita serão
exibidos em duas mostras que acontecem em Paris neste mês e em outubro

        A pintura esteve presente
na vida da advogada Ana Paula Mesquita Nunes Rossetto desde cedo. Ela começou a
estudar pintura a óleo ainda criança, em 1978, em Cruz Alta, sua terra natal. Dez
anos depois, retomou os estudos sobre a arte das telas, já em São Leopoldo,
para onde se mudou enquanto cursava psicologia na Unisinos.
Desde então, Ana Mesquita
passou a produzir quadros como hobby. Na esfera profissional, entretanto, escolheu
outro caminho e acabou se formando em Direito, também na Unisinos, em 1995. Contudo,
manteve sempre o desejo de tornar a pintura sua principal atividade.
Estabelecida em Porto
Alegre, Ana Mesquita passou a frequentar o Atelier Livre da prefeitura, em 2003,
participando de oficinas com Amélia Brandelli, Virgínia Quites e Ana Flávia
Baldisserotto. Em 2011, ela se integrou ao Laboratório de Práticas Artísticas
na Associação de Arte e Cultura (ARENA).
Este ano, Ana Mesquita decidiu
se dedicar totalmente à pintura. O primeiro passo que tomou foi publicar imagens
de suas obras no site Artistas Gaúchos (www.artistasgauchos.com.br).
O resultado não podia ser
melhor: a divulgação lhe garantiu convites para duas exposições em Paris, na
França. Ou seja, sua estreia como pintora profissional será internacional.
A primeira das exposições
é o Salão Internacional de Arte Contemporânea Meditação e Luz, na Salle Royale
de la Madeleine, famosa catedral parisiense, que acontecerá de 22 a 30 de
setembro, com curadoria de Heloiza de Aquino Azevedo. Nesse evento, Ana
Mesquita terá exibidas as obras “O Vestido” e “Família”. Ela faz parte de um
grupo de 12 artistas brasileiros convidados e, do Rio Grande do Sul, foi a
única escolhida.
A segunda exposição da
qual Ana Mesquita participará ocorrerá nos dias 19, 20 e 21 de outubro, no Carrousel
du Louvre, galeria de arte localizada no subsolo do Museu do Louvre. Para essa
mostra, a pintora gaúcha levará os quadros “Protestos do Inconsciente” e “Início
do Infinito”.
Ana Mesquita desenvolve
seu trabalho de pintura em ateliê próprio, explorando a gestualidade, a força
da cor e os mais diversos materiais, como massa acrílica, limalha de ferro,
plástico, colagem com tecidos e papéis. A gestualidade das pinceladas e a
vibração das cores não são resultado de um simples jogo estético, visual. A
pintura é, antes, um modo de relação com a vida, o cotidiano e seus contextos,
que se materializa através da abstração.
Em “Protestos do
Inconsciente”, por exemplo, Ana Mesquita usou um tecido de algodão repousado
sobre uma “cama” de pedras com uma camada considerável de pigmentos como base para
o trabalho. Da impressão que ficou no tecido, muito rica em cores, foi formado
o fundo. Por cima, a artista colou bandeiras estilizadas nas cores amarela,
azul e laranja, as quais remetem à ideia de um protesto. Feitas de tecido
pintado, as pequenas bandeiras possuem movimento, pois possuem partes
propositalmente soltas.
“Nessa obra, Ana Mesquita
mostra realmente um ato de criação, não somente pictória, mas no sentido de
fruição, do que se passa em cada interior humano e social. O artista verdadeiro
é muito mais sensível aos conflitos humanos”, comenta Heloiza de Aquino Azevedo.